28.4.11

Espaços em branco

Ouvindo:
Nature Boy (Eden Ahbez)
Voz: Caetano Veloso

There was a boy
A very strange enchanted boy
They say he wandered very far, very far
Ovel land and sea
A litte shy and sad fo eye
But very wise was he

And then onde day
A magic day he passed my way
And while we spoke of many things
Fools and kings
This he said to me
"The greatest things you'll ever learn
Is just to love and be loved in return "

De repente me deu vontade de comprar um quadro. Colorido, abstrato. Dois na verdade: um no qual se sobressaia o verde, para pendurar no quarto, na parede contrária à janela que dá para a Serra; outro com tons de laranja, vermelho e amarelo, meio pôr-do-sol, para colocar na sala, combinando com a manta que cobre o sofá. Lembrei do bambu que quero colocar também na sala - bambu plantado, nada de artesanato ribeirinho.

O bambu me lembrou a vontade antiga de espalhar flores pela casa. Coisa bem de velho - ir à feirinha de rua ao domingo, comprar um tanto de flor diferente para perfumar e colorir sala, banheiro, corredor. Principalmente orquídeas. E gerânios. Melhor esperar ficar velho mesmo. Quem sabe tento a jardinagem.

Qual era mesmo a vontade inicial? Ah, sim: imagens. O quadro, a abstração as cores. Pensei em imprimir aquelas fotos P&B produzidas na época da faculdade. Criar um tipo de varalzinho, sob a primeira das três prateleiras de livros. Ou colocá-las sob a placa de vidro da mesa. Não sei. Talvez criasse muita poluição visual no quarto. Pelo menos ele é grande. Me sinto tão só nele. Ainda mais com aquela cama enorme.

Estou perdendo o foco. Decoração, cores, P&B, fotos... Uma Polaroid! Como não pensei nisso antes? Uma câmera que já revela e imprime. Nada de olhar na tela, mas ver no papel. Faz tanto tempo que não revelo fotos. Tão gostosa aquela expectativa de saber como o olhar foi captado pela objetiva. Desejo antigo o de fotografar. Câmeras não me faltam. O que falta? Tanta coisa... Ok, sem divagações. Culpo a falta de técnica, só para ter desculpa mesmo.

Desculpa... preciso de uma boa para telefonar. Nada que possa ser assertivo me ocorre. Ser espontâneo implicaria em clichês. Esquece. Também não dá para fingir despretensão – são inúmeras as boas e más intenções. Olá-como-vai-tudo-bem-sumiu-que tal-bla-báh. Melhor... melhor não. Esquece.

Onde estava mesmo? Ah, sim, a câmera retrô! Registrar momentos, captar olhares. Fecho os olhos e lembro justamente do olhar, daquelas sobrancelhas grossas circundando os olhos... Caramba! Tentando de novo: cor, quadro, bambu, flor, foto, retrô... o quarto – tão grande... tão só.


The greatest things you'll ever learn
Is just to love and be loved in return
(Testando a Polaroid do celular)

Um comentário:

Leticia disse...

Menino, como vc escreve tão lindo! E como eu queria poder te fazer companhia nessa hora. Vc sabe disso, que eu queria querer e que vc quisesse e que a gente se completasse também nessas horas. Também, pq no resto, não resta dúvidas.