31.3.11

Amadurecência

"Era desses caras de barba por fazer que sempre escolherão o risco, o perigo, a insensatez, a insegurança, o precário, a maldição, a noite — a Fome maiúscula."
Caio Fernando Abreu


Questão de escolha. Simples jogo de sim ou não. Simples? Se o fosse não haveria erros. Ou nem haveria acertos e daria tudo errado sempre. Melhor dizer assim: complexa essa coisa de querer ou não querer e ter que decidir sempre no já.

Titubeio. E muitas vezes quase paro. Só que a vida é movimento e cobra ginga. E a gente muda. E a gente cresce. E a gente apanha muito e fica forte. Ou fica sem vergonha e apanha quase que por prazer. Questão de escolha.

Fiz a barba. Achei graça: não sou mais moleque, pensei. Nem sinto mais saudade dos 17 anos. Tão bom ter 27. Tão bom ter essa coisa que chamam de maturidade. Que seja só serenidade. Mas, realmente, tem coisas que a gente só aprende com o avanço da idade.

Metade foi a palavra que a rima me pediu agora. Mas, pensei, para ser grande tem que ser todo em cada coisa – como bem disse Pessoa. E tenho me esforçado tanto para pôr o quanto sou no mínimo que faço. Às vezes ainda exagero ou excluo algo. E isso é praticamente uma questão de escolha. Porém, demanda prática. Por isso tenho me esforçado tanto: para ser inteiro.

Mudei muitas escolhas. Decidi manter a cara sempre limpa. O risco é viver sempre no já e isso não há como evitar. Mas prevenir é prudente e necessário. Por isso hoje me recuso a sentir fome e tento me manter sempre lúcido. Deixo portas e janelas abertas para o sol entrar. Quero luz, muita luz. Aceito o novo e sorrio sempre para o momento presente. E, quase em oração, lembro Caio F. a cada instante: que seja doce.

2 comentários:

Marco disse...

Parabéns, amigo! E que a passagem do tempo, além das esperadas intempéries físicas (barriga, calvice, cabelos brancos,...), traga sempre também serenidade, paciência e maturidade.

Ah, já desejei mais cedo, felicidades, paz, saúde, dinheiro, e outras coisa, né? Reitero.

Bj.

Pkena disse...

V-O-A-D-O-R-A!