23.4.09

Eu, dialético?


"...Aliás, naquela noite ele não conseguia refletir por muito tempo, fixar o pensamento em um objeto qualquer, nem conseguia resolver qualquer questão que fosse; só conseguia sentir. No lugar da dialética surgira a vida, e na consciência devia elaborar-se algo inteiramente diferente.”

Crime e Castigo - Dostoiévski

Sempre me percebi como um cara completamente entregue às emoções. Controlar os meus impulsos é tarefa dificílima para minha razão. Mas desta certeza quanto à minha natureza emocional surge a seguinte contradição: porque reflito tanto sobre o meu sentir?

Talvez seja essa a verdade: eu nunca consegui deixar a dialética de lado, por isso não elaboro nada diferente. Apenas fico assim, parado, refletindo, ponderando ou calculando os meus sentimentos. Observo a minha ação, e não meu movimento (Me fiz entender? Eu entendi.).

Cabeça cheia nos últimos dias. Peito vazio. Ando taciturno, introspectivo, buscando a minha solidão como se dela dependece a minha sobrevivência. Queria estar longe dos olhares acusadores e/ou preocupados... longe.

Silêncio... por favor.

Preciso urgentemente listar prioridades. Colocar no papel mesmo, para me lembrar o que devo priorizar. Organizar a rotina, traçar metas, objetivos. Planejar. Nunca consegui fazer nada disso. E se digo nunca, essa palavra tão dura, é porque ela cabe nesta constatação.

Vivo do que tenho, não do que posso vir a ter. Sempre fui assim. Minha necessidade é imediata, para agora ou, no máximo, pra daqui a pouco. Médio ou longo prazo? Desisto. Arrumo algo mais urgente, sempre acho.

Eis aí outra grande contradição: anseio pelo o que pode ser perene, mas opto sempre pelo que é fugidio, efêmero. Engano-me? Certamente. Mas, em qual ponto exatamente? (lembrei do Renato: Nem foi tempo perdido, Somos tão jovens...)

Ah! A tal da dialética... basta (por agora, pelo menos.).

(Vontade de dizer palavras belas e de ganhar um beijo.)

Livro novo do Chico pra ler (Leite Derramado) e na lista da nostalgia musical, Paralamas do Sucesso!


3 comentários:

Felipe Pedrosa disse...

Gozar o hoje sem se preocupar com o amnhã. Dentro da lógica semiótica,talvez, o correto. Afinal, o amanhã não existe e gozar o presente, sem querer viver o onipresente, é encontra com deus, o teu deus, que está dentro do interior de cada um.

Pkena disse...

Sempre me surpreendo com uma coisa quando entro aqui: se eu sentir e não souber como explicar...encontro aqui, encontro nas suas palavras, tudo que "sangra" em meu peito... mas não se "derrama" pela minha boca...

Ana Clara Otoni disse...

Tô quase no fim do Leite Derramado, com tanta coisa da monografia pra ver...ele foi ficando na estante, mas agora sai!