29.3.09

Positivo ou negativo?




É... meu inferno astral demorou a bater, mas bateu. E forte. Talvez porque o mês de março tenha sido marcado por grandes eventos – podendo eu gozar de uma euforia quase adolescente – e não deixei que as terríveis contradições psicológicas desta época me afetassem. Mas elas vieram. Numerosas.

Ainda há pouco choveu. Forte. Novamente a chuva me levando para outras águas do pensamento. Deve haver um significado para que a chuva esteja agindo tanto assim sobre mim desde que chegou, em setembro do ano passado... Vá saber...

Pois enquanto chovia eu me peguei em mais um “balanço”. E me ocorreu pensamentos do tipo “o que eu fui, o que eu sou, o que eu quero ser”, nada de novo. E pensei também na minha filha, como “quem eu quero que minha filha seja”, assim mesmo: démodé.

Pois, daí, lembrei de uma entrevista da Maria Rita falando das lembranças que tem da mãe, Elis Regina. Ela falou da gravação que tem de uma entrevista da mãe, filmada pouco depois que ela nasceu. O repórter pergunta a Elis o que ela quer que Maria Rita seja. Emocionada, Elis diz que quer apenas que a filha dela seja “leve”. Tão pesada a Elis...

Daí lembrei do livro “A Insustentável Leveza do Ser”, do Milan Kundera. Logo na introdução ele cita o questionamento de Parmênides (não sei quem é, mas o Wikipedia indica que ele era filósofo). Ao invés de descrever, vou transcrever:


(...) Então, o que escolher? O peso ou a leveza?

Foi a pergunta que Parmênides fez a si mesmo nó século VI

antes de Cristo. Segundo ele, o universo está dividido em duplas

de contrários: a luz e a obscuridade, o grosso e o fino, o quente e

o frio, o ser e o não-ser. Ele considerava que um dos pólos da

contradição é positivo (o claro, o quente, o fino, o ser), o outro,

negativo. Essa divisão em pólos positivo e negativo pode nos

parecer de uma facilidade pueril. Menos em um dos casos: o que

é positivo, o peso ou a leveza?

Parmênides respondia: o leve é positivo, o pesado negativo.

Teria ou não razão? Essa é a questão. Uma coisa é certa. A

contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua

de todas as contradições. (...)


E então: Parmênides estava certo ou não? Entre o leve e o pesado, qual é o Ying (positivo), e qual é o Yang (negativo)?

Entre a luz e a obscuridade, o próprio símbolo denota que o Ying é o claro e o Yang o escuro. Entre o quente e o frio, a gente pensa logo em céu e inferno e também parece óbvio que o quente seja o negativo. Mas e entre o fino e o grosso? Bizarro pensar isso! E entre o ser e o não-ser? Puts...

A lista de contradições é, sem dúvida, enorme. E concordo que a referente ao peso e a leveza seja a mais misteriosa de todas.

Mesmo sem saber qual é o positivo e qual o negativo, me questiono se sou leve, ou se sou pesado. Metade-metade, como no símbolo, há o equilíbrio e as forças se anulam. Para um ser humano, não vejo possibilidade deste equilíbrio. Ainda mais para mim, tão extremista.

E então: sou leve, ou sou pesado?

Ainda bem que o inferno astral já vai passar. Tomara!

3 comentários:

Breno Romanini disse...

Vai passar, amigo.
Sempre passa.
Abs.

Carol... disse...

Oi Daniel... te achei sem querer por esses blogs da vida... estava lendo a respeito do livro - A insustentável leveza do ser - e exatamente o trecho que transcreveu me marcou a beça.. peso ou leveza?
acredito no peso, prefirível a imensidão, a quantidade de emoções a falta delas...

Sempre melhor viver de cheio do que de vazio, não?
abs
Carol

joaninha disse...

ola, encontrei o teu blog na minha primeira pesquisa sobre polaridade...:) sobre o post anterior da carol, mesmo sem ter lido a "insustentavel leveza do ser " (grande falha minha!!) considero a leveza, como leveza de espírito, aquela que não está minada por pensamentos pequenos, ruminantes, aqueles que nos tiram energia e nos fazem sentir carregados, pesados, e "fechados" às experiências, às pequenas coisas bonitas que nos passam todos os dias pelos olhos e por vezes não vemos...leve no sentido de desprendido dos nossos próprios pensamentos que nos "tulham" a liberdade, pq cm alguem dizia..nunca somos livres, porque nem que seja, estamos presos aos nossos pensamentos fechados. e a leveza dá-nos abertura, faz-nos ver o outro, sorrir, ouvir e sentir....as emoções vêm daí, da liberdade que nos damos de as sentir...não o vejo de todo cm vazio..um abraço**