Ela não suportava mais. Não há ser humano que resista tanto. Afora a pobreza, a distância do marido e as dificuldades para sustentar e educar os filhos, a invasão dos ratos trouxe a peste que destruiu a vida de Marli.
Pobre sim, jamais suja. Marli sempre foi mulher digna. Agüentava muito desaforo, mas jamais se deixava humilhar. Criava os filhos com a força de uma guerreira. Sozinha, após o marido mudar para terra distante em busca de trabalho, cuidava da casa e das crianças, sendo que muitas vezes esquecia-se de si mesma.
Quando o marido partiu, vieram os ratos. Não fugiram do esgoto, se criaram em rendez vous. Eram nojentos e repulsivos. Destruíam-lhe as roupas e abodegavam a casa. Não se intimidavam com a presença de outros, e faziam orgias até na frente das crianças.
Eram ratos da pior espécie: ratos-homem, bichos-gente. Diferenciavam-se dos demais por andar apoiados em duas pernas, não sobre quatro patas. Não roíam madeira, mas carcomiam a decência dos que próximo conviviam.
Ela suportou enquanto pôde. Para preservar os filhos, Marli foi capaz de tolerar a presença dos ratos. Fez vista grossa. Recuou. Permitiu que os ratos conhecessem sua fraqueza. Recolheu-se em mágoa e ira e, assim, acumulou forças.
Mas é chegada a hora em que a ressaca arrebenta na costa, e mesmo a rocha mais forte não resiste ao peso da maré.
A turbulência em que Marli vivia levou-a a exterminar os ratos. Acrescentou temperos ao veneno que matou as pragas. Não para lhes agradar o paladar, mas para que confundissem a fúria com ingenuidade.
O cheiro dos ratos permaneceu na casa e Marli foi embora com as crianças. Não se arrepende de nada. Sabe que não há nada como um dia após o outro. Aos poucos ela vai recuperando sua dignidade, sem a humilhante presença dos ratos.
Pobre sim, jamais suja. Marli sempre foi mulher digna. Agüentava muito desaforo, mas jamais se deixava humilhar. Criava os filhos com a força de uma guerreira. Sozinha, após o marido mudar para terra distante em busca de trabalho, cuidava da casa e das crianças, sendo que muitas vezes esquecia-se de si mesma.
Quando o marido partiu, vieram os ratos. Não fugiram do esgoto, se criaram em rendez vous. Eram nojentos e repulsivos. Destruíam-lhe as roupas e abodegavam a casa. Não se intimidavam com a presença de outros, e faziam orgias até na frente das crianças.
Eram ratos da pior espécie: ratos-homem, bichos-gente. Diferenciavam-se dos demais por andar apoiados em duas pernas, não sobre quatro patas. Não roíam madeira, mas carcomiam a decência dos que próximo conviviam.
Ela suportou enquanto pôde. Para preservar os filhos, Marli foi capaz de tolerar a presença dos ratos. Fez vista grossa. Recuou. Permitiu que os ratos conhecessem sua fraqueza. Recolheu-se em mágoa e ira e, assim, acumulou forças.
Mas é chegada a hora em que a ressaca arrebenta na costa, e mesmo a rocha mais forte não resiste ao peso da maré.
A turbulência em que Marli vivia levou-a a exterminar os ratos. Acrescentou temperos ao veneno que matou as pragas. Não para lhes agradar o paladar, mas para que confundissem a fúria com ingenuidade.
O cheiro dos ratos permaneceu na casa e Marli foi embora com as crianças. Não se arrepende de nada. Sabe que não há nada como um dia após o outro. Aos poucos ela vai recuperando sua dignidade, sem a humilhante presença dos ratos.
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Texto baseado em um fato real. Marli é uma dona de casa, moradora da região metropolitana de Belo Horizonte, mãe de dois filhos menores. O marido trabalha em uma mineradora no Pará. Durante dois anos Marli dividiu a casa casa com a cunhada, Ana Maria. Ana Maria e um amigo travesti promoviam orgias na casa de Marli, a humilhavam e a agrediam. Cansada das humilhações, Marli preparou uma feijoada para Ana Maria e o amigo, acrescentando veneno para rato ao prato. Marli responde processo em liberdade.
2 comentários:
Esse texto ficou realmente ótimo!
Bjos.......................
Seguindo essa lógica, que tal nomear a Marli cozinheira oficial do Congresso Nacional?
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