"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero."
...
"Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz."
...
"Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo."
Passagem das Horas - O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
Esse é apenas um pequeno trecho de "Passagem das Horas" e também uma pequena parte do que sinto. Sempre tive uma forte necessidade de me expressar. De extravazar mesmo, pôr pra fora tudo o que sinto, tudo que vejo, tudo que conheço, tudo o que sou. Mas que tanto eu conheço afinal? O que eu enxergo? Que tanto sou? Não sei. É como se o Tudo/Tanto fosse Pouco/Nada. Tentarei fazer deste TheBlog uma válvula de escape para a confusão mental que me afeta os sentidos do corpo e da alma. Espero poder contar com a ajuda dos amigos (e dos inimigos também).
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